sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Quem entende o sangue de São Paulo?



Todos vêm acompanhando o clima de tensão vivido no estado de São Paulo, principalmente entre os policiais militares, que vêm assistindo a morte de colegas por supostas represálias cometidas a mando de lideranças do chamado “Primeiro Comando da Capital”. Entre os casos mais chocantes está o assassinato do sargento PM Marcelo Fukuhara, que teve a vida “colocada a prêmio” pelo PCC por R$500 mil reais, segundo divulga a imprensa.
Por outro lado, as ações da Polícia Militar que resultaram em mortes de suspeitos aumentaram. Tanto quanto cresceram os casos de execuções de pessoas com autoria atribuída a policiais integrantes de “grupos de extermínio”.
Se não podemos ter a ingenuidade de entender que todos policiais militares estão cumprindo a lei em suas ações, em serviço ou não, também é esdrúxulo admitir que o Primeiro Comando da Capital tem alguma “causa” legítima em suas ações criminosas. Comete perversidade quem admite o assassinato de um policial. Comete perversidade o policial que admite matar fora dos preceitos legais.
Como sempre é característica das discussões sobre segurança pública, definir o “bem” e o “mal” é ser cego às inúmeras variações possíveis neste contexto. E geralmente quem assume um desses lados são os executores, a “ponta do sistema”. Julgo que os setores estratégicos do Governo e do PCC entendem melhor o que está ocorrendo do que o soldado que se dispõe a matar, ou o jovem da periferia que pretende executar um policial.
Aos policiais, é lúcido não aderir ao entusiasmo sanguinário que caracteriza os fora-da-lei: é bom lembrar que nenhum governo tolera abusos frente à pressão midiática, tampouco é proveitoso ingressar num jogo de vingança avesso ao fundamento da atividade policial – salvaguardar a vida. Ao se manter distante deste ambiente, o policial protege a si, a sua família e à sociedade.

 
Autor: - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA. | Contato: abordagempolicial@gmail.com

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